Artigo da Semana
Editorial – A delicada arte de ser maduro na política municipal
Fazer um bom governo municipal não é tarefa fácil. Requer estratégia, diálogo e um entendimento profundo das demandas de uma cidade. Afinal, governar não é fazer discursos inflamados, selfies em comemorações ou promessas cheias de entusiasmo. Há quem confunda administrar um município com organizar uma festa de aniversário — só que com um orçamento que precisa durar quatro anos e sem uma garantia de presentes.
A maturidade política, nesse contexto, é o que distingue os gestores que veem a prefeitura como um parque de diversões, e vai apertando todos os botões para ver o que acontece, àqueles que compreendem a complexidade da carga. Ela envolve uma capacidade de lidar com interesses diversos e de priorizar o bem comum, exigindo mais do que simples frases de efeito. É necessário planejamento estratégico, paciência e, acima de tudo, habilidade para negociar e construir consensos, sem ceder à tentativa de decisões impulsivas.
E é aqui que entra outro ponto fundamental, mas frequentemente subestimado: a relação com a Câmara de Vereadores. É uma Câmara que pode permitir que você trabalhe com fluidez em uma gestão. A governabilidade depende diretamente dessa dinâmica e isso exige experiência para lidar com os diferentes interesses dos vereadores, alinhando propostas e buscando acordos. Sem maturidade política, o gestor corre o risco de transformar cada sessão da Câmara ou, o próprio gabinete, em um campo de batalha, minando a própria administração antes mesmo de começar.
Sempre é bom lembrar que a situação fica ainda mais complicada quando o prefeito não é base nem do governo do estado, nem do governo federal. Esses entes, além de serem responsáveis por grandes obras e repasses de programas, fornecem parte dos recursos necessários para fechar a folha de pagamento mensal do município. Governar sem alinhamento político é um desafio que exige habilidade, mas governar sem apoio transforma a administração em uma missão muito, mas muito difícil.
Vemos gestões tropeçarem em sua inexperiência, ora por falta de diálogo, ora por decisões improvisadas que mais atrapalham do que ajudam. Não é que falte boa vontade — há até entusiasmo —, mas governar exige muito mais do que isso. É uma maratona, não uma corrida de 100 metros e nem todos percebem isso antes de cruzar o portão da prefeitura.
No final, a maturidade política não é um luxo, mas uma necessidade. Sem ela, discursos vazios, conflitos legislativos e decisões impulsivas se tornam rotineiras, enquanto o progresso do município fica para um futuro que nunca chega. Governar, afinal, não é para amadores. Mas, bem, às vezes, só se aprende isso depois de quatro anos.
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