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Sinal de alerta para o governo Lula
Rodrigo Augusto Prando, professor e pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie, do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas. Graduado em Ciências Sociais, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Unesp
Não faz muito, foi divulgada a pesquisa Genial/Quaest que apresenta um resultado ruim para o Governo Lula e, por isso, emite um sinal de alerta. Ainda que dentro da margem de erro, há, pela primeira vez, a reprovação ultrapassando a aprovação de Lula em seu terceiro mandato: 49% desaprovam e 47% aprovam.
Lula entra na segunda metade de seu mandato e, no caso, a fala do presidente foi de que 2025 deverá ser um ano de entregas por parte do governo, pois, se isso não ocorrer, o projeto de reeleição terá risco concreto de não se realizar.
Voltando aos dois primeiros anos, faz-se necessário rememorar que o primeiro ano, 2023, Lula ficou em compasso de espera graças aos atos de ataque às sedes dos Três Poderes, em Brasília. Bolsonaro, portanto, é, provavelmente, o ex-presidente mais presente e ativo que tivemos no período da Nova República e não só. Bolsonaristas, seus aliados, continuam firmes e fortes em uma oposição que o PT não havia enfrentado com tanta ênfase e, não menos importante, com tamanha malícia nas redes sociais. E, no final de 2024, o que temos? Mais fatos conectados ao bolsonarismo na investigação não apenas da tentativa de golpe de Estado, bem como do planejamento de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Novamente, a pauta é, ainda que negativamente, voltada à atividade do bolsonarismo.
Lula – animal político – já percebeu que seu terceiro mandato é distinto dos outros e não teria como ser diferente. O petista já não é o mesmo, tem idade avançada e acidentou-se recentemente; a política, no Brasil e no mundo, apresenta um conteúdo alinhado, não raro, às teses ideológicas da extrema direita; o PT parece não mais conseguir dialogar com setores da sociedade que, em outros tempos, estavam presentes no discurso e na ação política do partido.
Lembram-se da passagem de governo de FHC para Lula? Foi, por certo, a transição mais democrática e republicana que assistimos no país. E, assumindo o mandato, Lula e os petistas cunham o termo “herança maldita” para, politicamente, posicionar o PSDB como um partido praticamente nefasto no cenário nacional. O PT fez ferrenha oposição a praticamente tudo, do Plano Real até as políticas mais bem desenhadas pelos tucanos.
Hoje, 2025, os petistas têm a oposição de bolsonaristas que, no jogo, não encontram problemas éticos em usar fake news, pós-verdades, negacionismos, teorias da conspiração e discurso de ódio, nas redes e nas ruas.
Lula, então, inicia a ideia de uma reforma ministerial. Troca o ministro responsável pela comunicação, que, sem dúvida, pode ser melhorada. Comunicação é forma e, ao que tudo indica, falta ao governo apresentar conteúdo. Fernando Haddad é o ministro com maior destaque e com a missão mais difícil e não foram poucas as vezes que sofreu desautorizações de Lula e fogo amigo de seu próprio partido. Aliás, poucos tiveram um ministério tão estrelado, composto de atores políticos que já foram candidatos à presidência: o próprio Haddad; Alckmin, que é vice-presidente e ministro; Simone Tebet e Marina Silva. Esses ministros tiveram o espaço necessário para exercer suas lideranças? A resposta parece óbvia, não é?
Ainda no que tange à comunicação, o famigerado vídeo do deputado Nikolas Ferreira foi uma bomba teleguiada na direção de um Planalto cambaleante e sem conteúdo concreto de entregas para se contrapor e apresentar à sociedade. Não tendo o que apresentar, o governo retrocede e, vergonhosamente, mostra uma fraqueza singular.
Lula e seus ministros precisam reagir. Sair das cordas. Uma luta pode ser ganha por pontos ou por nocaute. A força do governo para, simbolicamente, nocautear a oposição não se apresenta no momento. E a pesquisa aqui exposta mostra que, nos pontos, está atrás do adversário.
*O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie.
Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) foi eleita como a melhor instituição de educação privada do Estado de São Paulo em 2023, de acordo com o Ranking Universitário Folha 2023 (RUF). Segundo o ranking QS Latin America & The Caribbean Ranking, o Guia da Faculdade Quero Educação e Estadão, é também reconhecida entre as melhores instituições de ensino da América do Sul. Com mais de 70 anos, a UPM possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pela UPM contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.
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