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Brasil

Pesquisadores mapeiam diversidade individual de mamíferos na Mata Atlântica

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Cada pessoa é distinta uma da outra, uns são gordos outros nem tanto, e assim também são os animais. Todo mundo sabe que uma onça é maior que um rato, mas como varia o tamanho entre as onças? Um trabalho recém-publicado na prestigiosa revista norte-americana Ecology, liderado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Rio Claro-SP, e que contou com a participação de professores da UESC, desvendou a grande variação de peso de 279 espécies de mamíferos e mais de 39 mil indivíduos em toda a Mata Atlântica do Brasil, Argentina e Paraguai (Figura 1). Os autores demonstraram a enorme variação de peso entre as espécies, mas mesmo dentro da mesma espécie essa variação pode chegar a até 5 vezes. Por exemplo, uma onça-parda (suçuarana) adulta que vive na floresta do Parque Nacional do Iguaçu no Paraná chega a ser quase 2 vezes mais pesada que as onças-pardas em pequenas florestas do Estado de São Paulo ou na Chapada Diamantina.

O peso é uma das características que influencia a capacidade de sobrevivência de um animal em ambientes antropizados (mudanças causadas pela atividade do ser humano). Inspirados na capacidade dessa medida corporal revelar dados sobre mecanismos de ajuste ao ambiente e historia natural, se organizaram as informações de 388 populações de mamíferos na Mata Atlântica. O resultado é o maior inventário de mamíferos terrestres e voadores da Mata Atlântica. Com a participação de 96 autores, e coordenado pelo pesquisador Fernando Gonçalves, esse trabalho será uma ferramenta de trabalho para mais estudos mastozoólogicos.

“Esse estudo é um compilado dos esforços de mais de 100 anos de pesquisa na Mata Atlântica e de vários profissionais que se dedicam à conservação desses mamíferos. Não fazia sentido informações tão ricas e de tanta qualidade ficarem espalhadas. Em conjunto, elas podem ajudar a entender a historia natural e principalmente entender a conservação de diversas espécies”, afirma Fernando.

O trabalho é parte de uma grande iniciativa elaborada pelo Prof. Dr. Mauro Galetti (LABIC-Unesp) e Prof. Dr. Milton Ribeiro (LEEC-Unesp): o ATLANTIC-SERIES. Esta iniciativa, que conta com a participação de professores da UESC, está disponibilizando grandes bancos de dados sobre a biodiversidade na Floresta Atlântica para que possam ser utilizados pela comunidade de cientistas do mundo todo. “A Mata Atlântica é a floresta tropical mais bem conhecida do mundo, mas muitos dados estão em português, o que inibe outros cientistas de usá-los” afirma Galetti.

Para o levantamento, foram utilizadas informações de capturas espalhadas por 388 áreas e possui informações morfológicas de 16.840 indivíduos de 181 espécies de mamíferos terrestres e de 23.010 indivíduos de 98 espécies de morcegos. “Esse é  a maior compilação de informações individuais de mamíferos em um único bioma” complementa Galetti.

Com essas informações em mãos, os pesquisadores podem estudar se os indivíduos poderão se adaptar a mudanças climáticas, e buscar entender porque alguns indivíduos são maiores que outros.

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