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Coronavírus

Doação de R$ 7,5 milhões para comprar testes de Covid foi dado para programa de Michele Bolsonaro, diz site

Cerca de R$ 7,5 milhões doados para a compra de testes para detectar a Covid-19 foram repassados ao programa Pátria Voluntária, liderado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro.​ As informações são da colunista Constança Rezende para a Folha de S. Paulo nesta quinta-feira (1/10)

Tudo começou no último dia 23 de março, quando a empresa Marfrig, um dos maiores frigoríficos de carne bovina do país, anunciou que doaria R$ 7,5 milhões ao Ministério da Saúde para a compra de 100 mil testes rápidos do novo coronavírus.

Na época, havia falta de testes no Brasil e aintenção era testar o máximo de cidadãos. Dois meses depois, no dia 20, a Mafrig diz ter recebido da Casa Civil da Presidência da República a notícia de que o dinheiro seria usado “com fim específico de aquisição e aplicação de testes de Covid-19”.

No dia 1º de julho, no entanto, com o dinheiro já transferido, o governo Bolsonaro consultou a empresa sobre a possibilidade de utilizar a verba não mais nos testes, mas em outras ações de combate à pandemia. Os recursos foram então parar no projeto Arrecadação Solidária, vinculado ao Pátria Solidária, de Michelle Bolsonaro. O projeto tem como objetivo “promover, valorizar e reconhecer o voluntariado no Brasil”.

Ainda de acordo com a reportagem, esse programa repassou o dinheiro do Arrecadação Solidária, sem edital de concorrência, para instituições missionárias evangélicas aliadas da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), para a compra e distribuição de cestas básicas. Além disso, R$ 9 milhões de dinheiro público já foram gastos com publicidade para o programa.

Segundo a Casa Civil, a verba foi utilizada para a compra e distribuição de cestas básicas a mais famílias vulneráveis. Os maiores benefiários do projeto da primeira dama são Instituto Missional, que recebeu R$ 392 mil, e a Associação de Missões Transculturais Brasileiras (ABMT), com R$ 240 mil.

A página da AMTB na internet consta o mesmo endereço de registro da ONG Atini, fundada por Damares em 2006 e onde a ministra atuou até 2015. A Folha esteve no local, onde funciona um restaurante desde novembro do ano passado. A reportagem pediu a prestação de contas das organizações à Casa Civil, que respondeu que ela é feita para a Fundação Banco do Brasil, que apoia o programa.

A assessoria do ministério de Damares respondeu que a AMTB “é uma entidade que reúne mais de 50 instituições com capilaridade em todo o território nacional para apoiar as ações do programa Pátria Voluntária”. O presidente da AMTB, Paulo Feniman, disse que a organização não funciona mais no local apontado pelo site e que este poderia estar desatualizado. O endereço foi retirado do site após o contato da reportagem.

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