Educação
Sindicato diz que professora foi alvo de intolerância religiosa por aluna: “Reunião de macumbeiros”
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O caso envolvendo uma professora do Colégio Estadual Thales de Azevedo em Salvador, na Bahia, que mobilizou alunos e repercutiu nacionalmente, teve como agravante o elemento da intolerância religiosa. Em conversa com ogrupo A Tarde, o presidente da APLB-BA Sindicato, Rui Oliveira diz que a aluna fez uma postagem em rede social em que se referia ao debate proposto pela docente com lideranças de movimentos sociais e antirracistas de “reunião de comunista e macumbeiro”.
A represália à professora de Filosofia que ensina há mais de dez anos extrapolou o universo digital. Não satisfeita com a exposição, a mãe da aluna registrou uma queixa na polícia acusando de implantar uma “doutrinação feminista” e “esquerdista”.
A atividade expositiva, segundo Rui Oliveira, fazia parte do conteúdo previsto para a Semana da Consciência Negra no colégio localizado no bairro do Costa Azul.
“Ela realizava atividades normais na escola, estamos na semana da Consciência Negra e ela fez um debate com pessoas de movimentos sociais, antirracistas. A aluna postou dizendo que não queria estar ali, ao invés disso queria aula de Física, Química, Matemática, que ela não queria assistir a uma reunião de comunista e macumbeiro. Ela tentou desestabilizar a professora. A mãe dela não se contentou e ainda deu queixa na polícia”, relatou o presidente do sindicato.
Na próxima quarta-feira (24), dia em que a professora deve depor à polícia na Delegacia de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente, o sindicato vai fazer uma manifestação na porta do local. O sindicato tem dado todo o suporte jurídico para a profissional.
Segundo Rui, o escândalo será levado ainda para órgãos como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ao Ministério Público (MP).
“Vamos fazer um ato no dia 24, vamos com nossos advogados e com ela, fazer na porta da delegacia e pedir providências. Estamos denunciando na OAB, no Ministério Público, todos os órgãos nacionais, Câmara dos Deputados, Congresso Nacional, tudo quanto é lugar”, garante.
Surpreendida com a intimação, a professora teve um “pico de pressão alta” e precisou ser internada no Hospital da Bahia, de acordo com informações do líder sindical. Diante do seu estado emocional, a família pede que a sua privacidade seja respeitada e ela não deve dar entrevistas.
“Vamos cobrar uma resposta também do governo da Bahia, da secretaria de Educação, Hoje o secretário esteve no colégio. É muito estranho que a polícia intime a professora. Vamos para cima”, prometeu.
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