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Artigo da Semana

ACM Neto em Ilhéus: visita de cortesia ou preparação para 2026?

Prof: Emerson Silva

Há visitas que são protocolares. Outras, no entanto, escondem – ou tentam esconder – intenções mais ambiciosas. A passagem de ACM Neto por Ilhéus nos últimos dias parece claramente fazer parte do segundo grupo.

Escolher Ilhéus como ponto de partida para sua caminhada pela Bahia não foi obra do acaso. Em um Estado onde a hegemonia petista já dura quase duas décadas, o ex-prefeito de Salvador sabe que, se quiser romper esse ciclo em 2026, precisará fazer diferente. E fazer diferente passa, necessariamente, por investir em regiões estratégicas como o Sul da Bahia – região de protagonismo econômico, histórico e, agora, político.

A parceria com o prefeito Valderico Júnior, recém-eleito com apoio decisivo do União Brasil, é o primeiro tijolo dessa construção. Valderico se apresentou como a renovação que Ilhéus buscava (e o discurso colou), mas, para ACM Neto, representa ainda mais: é o símbolo de que é possível virar votos em territórios antes dominados pela máquina petista.

Durante os dois dias de intensa agenda, Neto falou de futuro, desenvolvimento, turismo e infraestrutura. Bonitas palavras, sem dúvida. Citou as promessas não cumpridas de governos passados, como a duplicação da BA-001, a modernização do aeroporto, a requalificação da orla e o eterno marasmo da Fiol e do Porto Sul. Mostrou conhecer os gargalos e acenou com a bandeira da esperança – afinal, eleição se vence, antes de mais nada, plantando esperança.

Mas a pergunta que fica é: o que Ilhéus ganhou efetivamente com essa visita? Um novo projeto de investimento? Alguma garantia concreta de recursos? Um compromisso formal com prazos e obras? Nada disso. Ganhamos discursos, sorrisos, fotos para as redes sociais e promessas de “debater o desenvolvimento”. Convenhamos: disso o povo de Ilhéus já está farto.

O que ACM Neto trouxe, na prática, foi a formação de sua tropa para 2026. Um exército que começa a ser montado nos bastidores, com base em alianças costuradas a muitas mãos – entre elas, Valderico Jr., Jabes Ribeiro, Cacá Leão e parlamentares do União Brasil e do PP. A visita serviu para consolidar apoios, afinar discursos e, principalmente, demarcar território.

Neto quer fazer em Ilhéus o que fez em Salvador: uma transformação que se converta em votos. Mas é bom lembrar que Salvador, com toda sua pujança, não é a Bahia inteira. E que a história política do interior é cheia de armadilhas para forasteiros apressados.

O jogo de 2026 já começou e Ilhéus, ao que parece, será uma peça importante neste tabuleiro. Resta saber: seremos protagonistas dessa transformação prometida ou apenas coadjuvantes de um projeto maior, onde nossos interesses ficarão, mais uma vez, em segundo plano?
O tempo – e as entregas reais, não apenas as promessas – dirão.

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