Artigo do Dia
TOP 10: Uma análise dos federais mais votados em Ilhéus: Projeção para 2024?
Artigo:Por Lucy Cassi
Muito se tem falado nos bastidores políticos sobre a quantidade de votos que os candidatos a deputado federal de Ilhéus tiveram na proporcional de 2022 e em comparação com a votação na eleição majoritária de 2020. Para começo de conversa, é preciso deixar bem claro que entre uma proporcional e uma majoritária, a concorrência é completamente diferente, haja vista que na proporcional, o número de adversários é bem maior, principalmente com políticos bem estruturados com mandatos ou recursos vultosos em mãos. Assim sendo, vamos à análise fria dos fatos, relacionando os dez mais votados nessa eleição e a quantidade de votos, e o total de recursos que cada candidato recebeu.
Dentre os dez candidatos a federal mais votados em Ilhéus, ficou em primeiro lugar Valderico Júnior, com 11.400 votos totais, sendo conquistados 9.118 votos em Ilhéus. Valderico, que pegou na ponga com ACM Neto, angariou para sua campanha grude R$ 1.009.764,70 do União Brasil. Em 2020, Valderico teve 20.265 votos na disputa para prefeito, 11.147 votos a menos esse ano, uma redução de quase 50% no número de votos. Isso deve ser levado ao pé da letra? Vamos pensando…
Logo em seguida, vem Cacá Colchões, em segundo lugar, com 8.530 votos totais, sendo 7.355 votos alcançados em Ilhéus, o que demonstra que a tática do trio elétrico funcionou bem na cidade, onde grande parte dos votos ficou concentrada, com os R$ 701.000,00 de verba repassado pelo PP. Para prefeito em 2020, Cacá teve 13.845 votos, 6.490 votos a mais em relação a 2022; enquanto que na eleição de 2018 que Cacá tentou a estadual, alcançou 12.540 votos, 4.010 votos a mais em relação às eleições desse ano e uma diferença de 1.305 votos a mais em relação a 2020. Tanto no cenário de 2020, quanto em relação a 2018, o cenário atual de 2022, foi em tese, o menos favorável para Colchões.
Pela ordem, vem Vinícius Alcântara, o candidato estilo blogueirinho, no terceiro lugar em Ilhéus, com 7.504 votos totais, sendo 5.553 votos alcançados na cidade, 4.424 votos a mais do obtido em 2020, quando teve 1.129 votos. Ao que parece, o trabalho nas redes sociais onde o mineiro apareceu retirando dos bueiros, o lixo dos santinhos, funcionou bem – embora seus santinhos também estivessem espalhados nos chãos de diversos colégios eleitorais da cidade. Político com mandato de vereador que não recebe salário – mas encaminha a verba de seu gabinete para ong que é fundador – Vinícius Alcântara se fortaleceu politicamente em Ilhéus, tendo recebido R$ 28.383,61 do Cidadania.
Do PT, Augustão, com mandato de vereador, conquistou 6.616 votos, sendo 5.062 votos em Ilhéus, tendo recebido R$ 237.000,00 de recurso do fundo partidário. De tom altivo e imponente, Augustão, o quarto mais bem votado na cidade e da cidade, também mostrou força em Ilhéus com 3.844 votos a mais em relação a 2020, quando teve 1.218 votos, o que demonstra que direcionou bem o recurso, concentrando seus esforços onde exerce sua vereança.
Em quinto lugar, vem a águia Paulo Magalhães, deputado federal reeleito, muito beneficiado pela relação política com o prefeito Marão de Ilhéus, seu colega do partido PSD, por onde recebeu R$ 2.032.000,00 de recurso do fundo eleitoral, e, somente na cidade, obteve 3.608 votos, avançando em Ilhéus com 1.261 votos a mais em relação à 2018, quanto teve 2.347 votos na terra do chocolate e cacau.
Já o Dr. Fábio Villas Boas, aquele que foi secretário de saúde no governo Rui Costa e que ficou muito desgastado na Bahia por ter xingado uma cheff de cozinha na Ilha dos Frades, angariou 3.188 votos na cidade de Jorge Amado, mesmo tendo sido, em grande parte, um dos principais responsáveis pela entrega do novo Hospital Materno Infantil de Ilhéus, que leva o nome de seu pai, Dr. Joaquim Sampaio. O atual secretário especial de cultura, Geraldo Magela, seu cabo na cidade, até que tentou ajudar, mas o desgaste de Villas Boas extrapolou fronteiras e por isso não alcançou o mandato, ficando como o sexto mais votado na cidade menina dos olhos, com R$ 279.571,42 recebidos do MDB.
Em sétimo, está o pastor Márcio Marinho, deputado reeleito, presidente do Republicanos, com 2.739 votos em Ilhéus, aquele que estava cotado para a vice de ACM Neto, cuja vaga ficou para a Ana Coelho. O pastor recebeu R$ 1.130.000,00 como recurso do fundo eleitoral, e ainda pode vir a ocupar alguma cadeira no governo ACM Neto, caso o União Brasil seja vitorioso para o governo da Bahia.
Na sequência, Professor Reinaldo do Ibec, o oitavo mais votado no quadro geral, e o quinto de Ilhéus, com 2.324 votos na cidade. Na majoritária de 2020, Reinaldo obteve 6.060 votos para prefeito, 3.736 a mais em relação a 2022. Com R$ 184.273,53 do Republicanos, o Professor tirou leite de pedra, conquistando 4.266 votos totais no estado. Cheio de boas intenções mas estratégia falha que chamou “de fora para dentro”, espalhou seus esforços pela Bahia, desfocando sua força. Por outro lado, é um nome de destaque pois não desfrutou de mandato e nem de recursos vultosos, superando outros com campanhas milionárias, políticos de carreira ou com gabinete na mão.
Em nono, Alice Portugal, deputada reeleita que retirou em Ilhéus 2.256 votos, com R$ 3.090.225,27 do PC do B.
Já o médico Roland Lavigne, candidato de Ilhéus, ficou em décimo no quadro geral e em sexto como o mais votado da cidade, com 2.158 votos na princesinha do Sul dentro dos 5.576 votos que obteve no total. Muito favorecido pelo União Brasil com um repasse de R$ 1.014.764,70 para a sua campanha, Roland é ex-vereador, ex-vice-prefeito, ex-deputado estadual e ex-federal. Se o total de repasse do fundo eleitoral partidário fosse critério para eleição, Roland não teria feito o dever de casa por não alcançar o pleito.
Em síntese – Dentre os dez candidatos a deputado federal mais bem votados em Ilhéus, foram eleitos Paulo Magalhães do PSD, Márcio Marinho do Republicanos e Alice Portugal do PC do B, todos forasteiros e com mandatos, que chegam de quatro em quatro anos em Ilhéus para retirar votos da cidade, e somar no montante total de votação. Assim, a região Sul da Bahia, mais uma vez, fica sem um representante com voz da terra para ecoar e lutar no Congresso Nacional pelas reais necessidades dos sulbaianos. Essa é a grande demonstração que os ilheenses ainda precisam amadurecer muito politicamente se quiserem realmente ter força em Brasília.
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