Bahia
Lamentável o Secretário Municipal de Saúde não reconhece a importância da Maternidade em Salvador

A recente declaração do secretário municipal de saúde de Salvador, Rodrigo Alves, ao afirmar que a maternidade municipal “nem precisaria ter”, escancara o profundo desconhecimento da gestão sobre as competências do município no Sistema Único de Saúde (SUS). Tal afirmação não é apenas infeliz, mas revela uma postura negligente diante da obrigação constitucional da Prefeitura em garantir uma rede de atenção primária robusta, com pré-natal adequado e suporte materno-infantil básico.
Segundo o presidente do Conselho Estadual de Saúde da Bahia, Marcos Gêmeos, é inadmissível a capital baiana jamais ter inaugurado uma maternidade municipal, sobrecarregando as estruturas estaduais.
Essa fragilidade se evidencia através da baixa cobertura na atenção básica. Além de apresenta a menor taxa de agentes comunitários de saúde entre todas as capitais brasileiras. A cobertura vacinal infantil abaixo da média estadual, expondo a população a riscos de surtos evitáveis. Além de mais da metade das gestantes da capital não conseguirem realizar as sete consultas mínimas de pré-natal recomendadas.
Pontuando de forma incoerente, o próprio secretário declara que ela “não era necessária”. Tal contradição supõe um provável uso eleitoreiro da obra, levantando sérias dúvidas sobre o planejamento técnico e a responsabilidade na alocação de recursos públicos. Em vez de reforçar as Unidades Básicas de Saúde, contratar mais equipes de saúde da família ou ampliar campanhas de vacinação, a prefeitura investiu muito em uma estrutura que, segundo sua própria liderança, não era prioridade.
Para Marcos o contraste entre discurso e prática do município é enorme. “O cenário atual não é apenas de omissão, é de má gestão, improviso e desrespeito ao dinheiro público. É fundamental que órgãos de controle e a sociedade cobrem explicações formais sobre os motivos que levaram ao início de uma obra que a própria gestão classificou como desnecessária”, afirma.
Salvador precisa, urgentemente, assumir seu papel no SUS, fortalecer sua rede básica e tratar a saúde pública com a seriedade que ela exige. A população soteropolitana não pode continuar refém de promessas eleitoreiras e de gestões que negligenciam suas obrigações mais básicas.
É preciso reconhecer a saúde coletiva. Com o fechamento do Centro de Parto Normal da Mansão do caminho a decisão reformou a continuação da construção da Maternidade Municipal também se tornou uma resposta para essa situação, uma vez que os munícipes de Salvador, nascem apenas em unidades estaduais.
E se elas não existissem? Onde a população nasceria?
“É uma vergonha o secretário não reconhecer a necessidade de uma maternidade e tentar transformar esse pleito como uma promessa de campanha política. Além de colocar como se a utilização do recurso fosse de forma imprudente ou à mercê da decisão do gestor”, afirma Marcos.
É um absurdo minimizar e tratar a necessidade da população como uma questão de menor importância. A ausência de um pré-natal com qualidade, a falta de um Centro de Parto Normal e a omissão do poder público diante dessas demandas impactam diretamente a vida de milhares de mulheres, mães e bebês. Isso se reflete em mortalidade materna evitável, partos de risco e sobrecarga nos serviços estaduais. Saúde não é favor, é direito e a gestão municipal precisa assumir sua responsabilidade com seriedade e compromisso com a vida.

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