Brasil
Após ser demitido, Jota Júnior processa Globo em R$ 15 milhões
Narrador foi desligado pela emissora após 24 anos e pede reconhecimento de direitos trabalhistas
Jota Júnior, ex-narrador da Globo, entrou com processo no último mês contra a emissora, pedindo o reconhecimento de seus direitos trabalhistas ao longo dos 24 anos que trabalhou no grupo. Demitido no último mês de março, o profissional continua sem trabalhar e pede cerca de R$ 15,8 milhões em compensações financeiras por adicional noturno, hora extra e acúmulo de função no período.
Ao longo dessas duas décadas, Jota trabalhou como Pessoa Jurídica (PJ), sem carteira assinada. A Globo não quis comentar o processo movido pelo ex-funcionário.
Jota Júnior e sua defesa, liderada pelos advogados Christiam Mohr Funes e Alessandro José Silva Lodi, entendem que, ao longo das duas décadas que o narrador trabalhou no grupo, houve vínculo empregatício. O narrador também sofreu uma redução salarial em seus últimos anos na emissora, em um período que o grupo passou a regularizar a situação de seus funcionários segundo a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
“Ele trabalhou 24 anos na Globo, sendo que 20 destes foram sem carteira assinada, fazendo a emissão de nota fiscal. Como a atividade dele sempre foi a mesma, tanto do período sem registro quanto o registrado, estamos pedindo na Justiça que seja reconhecido todo este período como empregado. Até porque isso impacta para fins de aposentadoria”, afirmou Lodi, ao Estadão.
“Quando ele (Jota Júnior) foi registrado, diminuíram em 25% o salário dele, o que é proibido pela Constituição Federal. Também estamos pedindo uma equiparação de salário em virtude de outros narradores ganharem mais do que ele. A Globo não tem um plano de cargo de salário e o Jota sempre foi colocado como um dos melhores narradores do canal”, ressalta a defesa.
“Só trabalhamos com a verdade no processo. Estamos 100% confiantes. O Jota é uma pessoa diferenciada e não colocamos nada no processo que não seja verdade ou possível juridicamente ” Em nota enviada ao Estadão, a Globo optou por não comentar sobre a ação, que tem uma política de não se posicionar casos sub judice.
O locutor estava na emissora desde 1999 e completaria 24 anos de casa neste mês de março, quando foi demitido. “No mês em que completo 24 anos de casa, estou deixando o SporTV. Acabo de ser comunicado. Pouco a dizer, mas agradecer a todos que me acompanharam em meus trabalhos. As páginas da vida vão sendo viradas e novos capítulos estão sempre a nossa disposição. Que outros desafios apareçam, pois para a frente é que se anda”, escreveu o narrador em sua página na rede.
Além da Globo, trabalhou ainda em rádios de Americana e Campinas antes de migrar para a capital paulista, onde fez sucesso na Rádio Gazeta. O bom trabalho o levou para a Rádio Bandeirantes, emissora em que marcou seu nome e pela qual ganhou a primeira oportunidade de migrar para a TV. Na Band, narrou as Copas do Mundo de 1986, 1990, 1994 e 1998.
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