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Brasil

Arquitetura hospitalar é solução para lotações e demoras frente à crise do coronavírus

No Brasil e mundo afora, debates sobre a superlotação no sistema de saúde, em razão da pandemia de coronavírus (COVID-19), estão sendo levantados. Segundo o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, “(…) em final de abril nosso sistema de saúde entra em colapso”, estipula.

O território nacional na última terça (31), monitorado em tempo real pelo Center for Systems Science and Engineering (CSSE), indica que há mais de 4 mil casos de pessoas infectadas pela nova doença. A curva exponencial no avanço da transmissão completou um mês no último dia 26, desde o registro do primeiro caso no Brasil.

Na última década, uma fiscalização realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), indicou que mais de 60% de hospitais e prontos-socorros do país passavam por superlotações. Com a chegada do coronavírus, a alta demanda por serviços de saúde, incluindo internações na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pode extrapolar a capacidade de atendimento em redes públicas e privadas. Conforme dados do Ministério da Saúde, o Brasil comporta, hoje, mais de 55 mil leitos para aproximadamente 210 milhões de habitantes.

Para a arquiteta e sócia da T3 Arquitetura, Fernanda Messias, a necessidade de construir mais hospitais e leitos de UTI demanda urgência por parte das autoridades. Apesar do Brasil estar dentro das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) — 1 a 3 leitos por 10 mil habitantes —, a profissional atenta que o cenário de pandemia, com a procura elevada por unidades de terapia intensiva, vai gerar um déficit na quantidade de “estruturas x população”.

O Brasil está estagnado na quantidade de leitos por população, ou seja, existe uma demanda, já reprimida, que é enorme. O investimento precisa ser feito dentro dos hospitais, nas estruturas existentes e na quantidade de leitos, principalmente os de UTI, que deverão ser a maior procura no pico da doença. A crise do coronavírus já está fazendo, de São Paulo aos Estados Unidos, instalar leitos adicionais em outras áreas para atender tantas demandas, já que o sistema de saúde normal não está dando conta”, explica a arquiteta.

Com o orçamento do governo estimado em R$ 136 bi para a área de “Saúde” em 2020, Fernanda ressalta que os investimentos no setor, apesar de urgentes, não devem ser feitos sem contar com um planejamento prévio.

Não adianta apenas criarmos hospitais com os mesmos problemas dos que estão em vigor. Para controlar algumas métricas como demoras no atendimento e conflitos no sistema, é fundamental arquitetar o fluxograma dos setores. Logo, poderemos criar um local funcional e rápido, evitando as superlotações que estamos acostumados a ver”, afirma.

Atenta ao cenário de emergência, Fernanda ainda sinaliza a necessidade de mais leitos de UTI em estados da região nordeste, como no Ceará, onde o governo já estima necessitar mais mil leitos de terapia intensiva para a população.

HOSPITAIS TEMPORÁRIOS

Alternativa encontrada pelas autoridades para suprir o atendimento aos infectados pela COVID-19, os hospitais temporários tem crescido no Brasil.

Na atual situação de pandemia, unidades temporárias de atendimento são construídas para transferir a demanda normal de pacientes estáveis, ou seja, que tenham problemas não relacionados à infecção por coronavírus, deixando hospitais comuns voltados unicamente para atender a demanda de pacientes com a COVID-19”, elucida.

Apesar das diferenças visíveis entre os hospitais comuns e unidades temporárias, a profissional explica que ambos devem atender as normas vigentes para o funcionamento correto dos serviços de saúde, como no caso dos leitos de UTI, que tanto em unidades temporárias, quanto fixas, precisam ter pontos de gás, maca e aparelhos. Entretanto, a arquiteta alerta para o perigo de contar com hospitais temporários em cenários epidêmicos.

Não devemos nos ater, no futuro, a unidades temporárias. Apesar de ser uma grande ajuda neste momento, a utilização desse tipo de hospital demonstra a fragilidade do sistema público e privado, que não está preparado para um cenário de crise de saúde. A longo prazo, é fundamental investir em mais hospitais por município”, alerta Fernanda.

Capital da Bahia, Salvador é uma das cidades que já comporta espaços dedicados à hospitais e atendimentos médicos temporários, como o Fazendão, antigo centro de treinamento do Esporte Clube Bahia, e a solicitação em andamento de mais dois espaços: antiga Clínica Santa Clara — Itaigara e Wet´n Wild — Paralela.

Para conhecer mais sobre arquitetura hospitalar, e sobre a T3 Arquitetura, acesse a página do Instagram @t3_arquitetura ou o site www.t3arquitetura.com.br.

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