Brasil
Bolsonaro diz que atritos existem porque alguns não querem largar a velha política
O presidente respondeu às declarações de Maia, que tem criticado a falta de articulação política para a aprovação das mudanças nas aposentadorias. (Foto: Marcos Correa/PR) / SANTIAGO, CHILE (FOLHAPRESS)
O presidente respondeu às declarações de Maia, que tem criticado a falta de articulação política para a aprovação das mudanças nas aposentadorias. (Foto: Marcos Correa/PR) O presidente Jair Bolsonaro (PSL) criticou neste sábado (23) a velha política e os recentes atritos enfrentados pelo governo na condução da reforma da Previdência. Para ele, a responsabilidade agora está com o Parlamento.
Bolsonaro falou três vezes sobre o impasse político durante visita a Santiago, onde está em viagem oficial.
Ele comentou o tema em café da manhã com empresários, em discurso ao lado do presidente do Chile, Sebastián Piñera, e também em rápida entrevista coletiva.
O presidente brasileiro respondeu às declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem criticado a falta de articulação política para a aprovação das mudanças nas aposentadorias.
Os atritos que acontecem no momento, mesmo eu estando calado e fora do Brasil, acontecem na política lá dentro porque alguns, não são todos, não querem largar a velha política, afirmou Bolsonaro.
Em Brasília, ainda pela manhã deste sábado, Maia disse que o presidente precisa mostrar o que é a nova política. Ele ainda afirmou que o presidente deveria assumir responsabilidades e não terceirizar a articulação política.
Para Bolsonaro, porém, a reforma da Previdência não é uma questão de governo, mas de Estado.
A responsabilidade no momento está com o Parlamento brasileiro. Eu confio na maioria dos parlamentares, afirmou.
A bola está com ele [Maia], já fiz a minha parte, entreguei, o compromisso dele é despachar e o projeto andar dentro da Câmara, nada falei contra o Rodrigo Maia, muito pelo contrário, estou achando que está havendo um tremendo mal-entendido, afirmou.
Sobre as críticas do presidente da Câmara, Bolsonaro disse não entender o tom agressivo.
Nunca o critiquei, eu não sei por que ele de repente está se comportando dessa forma um tanto quanto agressiva no tocante à minha pessoa, disse o presidente.
Agora, o que é articulação? O que é que está faltando eu fazer? O que foi feito no passado não deu certo e não seguirei o mesmo destino de ex-presidentes, pode ter certeza disso.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Michel Temer (MDB) estão presos. O petista foi condenado na Lava Jato, e o emedebista está em preventiva.
Eu até perdoo o Rodrigo Maia pela situação pessoal que ele está vivendo. O Brasil está acima dos meus interesses e do dele. O Brasil em primeiro lugar”, afirmou Bolsonaro.
Maia é casado com a enteada de Moreira Franco, ex-ministro de Temer e ex-governador do Rio, que também foi preso nesta semana por ordem do juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato no Rio.
Ele disse que governa sem acordos político-partidários e que escolheu um ministério técnico, em que as pessoas querem participar por patriotismo, e isso desagradou os políticos tradicionais.
Ainda ao alfinetar a velha política, afirmou que somos os campeões de corrupção, o que está exposto aí perante a mídia, grande parte é verdade.
O presidente reforçou o discurso de que as mudanças nas aposentadorias são importantes para a superação da crise econômica.
Temos a chance de sair dessa situação em que nós nos encontramos com as reformas. E a primeira delas, a mais importante, é essa, a da Previdência, disse.
Bolsonaro defendeu também uma ampliação da reforma trabalhista. Devemos beirar a informalidade porque a nossa mão de obra talvez seja uma das mais caras do mundo.
Estamos a caminho da quarta revolução industrial, a mão de obra física fica cada vez mais dispensável e nós temos uma série de profissões que deixarão de existir, disse.
O presidente afirmou ainda que chegou à Presidência por dois milagres, um deles.
Um deles foi ter sobrevivido a um atentado político, uma tentativa de homicídio, e o outro foi ter feito campanha com poucos recursos e sendo massacrado pela mídia, com acusações homofóbicas, racistas, fascistas, essas coisas chatas que não colaram perante a opinião pública brasileira.
Segundo Bolsonaro, se a eleição tivesse sido ganha por Fernando Haddad (PT), ele não estaria aqui conversando com vocês, ele estaria conversando com o Maduro.
O presidente disse estar feliz por visitar o Chile e que depois irá a outro país que admira, Israel.
Por que o que é Israel? É um mar de areia, nem petróleo tem. E olha o que eles são. E o Brasil, que tem tudo e olha o que nós somos. Onde está o erro nisso, qual é o nosso problema? Está na classe política.
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