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Colegiado de Infraestrutura promove debate com o presidente da Bamin

A Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) recebeu, na reunião dessa terça-feira (29), o presidente da Bahia Mineração (Bamin), Eduardo Ledsham, para falar sobre o andamento das obras do primeiro trecho da Ferrovia Leste-Oeste (Fiol), entre Caetité e Ilhéus, pelo qual a empresa é responsável. O evento, prestigiado pela presidente da Casa, deputada Ivana Bastos, contou ainda com a participação do CEO de ferrovias da Bamin, Sérgio Leite.
O convite aprovado pelos integrantes da comissão, presidida pelo deputado Eduardo Salles (PP), se deu primeiramente pela preocupação em torno da suspensão dos trabalhos no canteiro de construção da Fiol montado em Uruçuca, no dia 31 de março, com a demissão dos funcionários. Parlamentares também se mostraram preocupados com rumores de que poderia haver mudança no traçado da ferrovia.
De acordo com Eduardo Ledsham, a empresa, que está na Bahia há 20 anos, investiu quase R$ 800 milhões no leilão do primeiro trecho da Fiol e cerca de R$ 600 milhões no Porto Sul. Ele frisou o compromisso dos acionistas com o projeto, mas disse que problemas enfrentados pela empresa a fizeram rever a estratégia de investimento e a buscar um novo sócio para o projeto.
“A decisão que foi tomada com relação à suspensão das obras tem a ver com o fato de que o contrato com a construtora Prumo (Engenharia) estava previsto para encerrar dia 31 de março, e foi encerrado. A obra já estava no ritmo lento. Então, foi uma decisão sustentável. E para buscar uma solução requer um parceiro estratégico, para que a estrutura de capital seja montada”, explicou o presidente da Bamin, acrescentando que essa estrutura de capital tem dois braços: o do financiamento e o aporte dos sócios.
Segundo Ledsham, a empresa conseguiu um financiamento no Fundo da Marinha Mercante de R$ 4,59 bilhões. “O financiamento junto com o suporte do BNDES certamente facilita a atração desse potencial parceiro. Nós estamos trabalhando para buscar esse sócio. Nós não abandonamos a obra. Estamos mantendo os investimentos na manutenção dos sites, na manutenção de todas as exigências dos problemas ambientais. E o nosso compromisso aqui é buscar uma solução em conjunto”, declarou. Ele disse ainda que será necessária uma revisão do acordo com a ANTT, para que haja a acomodação de um novo interessado no investimento. Um vídeo institucional de cinco minutos foi exibido com conteúdo sobre as obras já realizadas no primeiro trecho da Fiol, que tem 537 km de extensão e já está 64% concluído.
De acordo com o presidente da Bamin, superada a etapa de angariar um novo sócio, a previsão de conclusão do trecho da Fiol é de 28 a 30 meses e de 48 meses para a planta do Porto Sul, em Ilhéus. O líder da maioria na ALBA, deputado Rosemberg Pinto (PT), ressaltou que é necessário fazer uma defesa política do projeto da Fiol, frisando a sua importância para o desenvolvimento da Bahia. Ele lembrou de matéria publicada no dia 16 de abril deste ano, no jornal Valor Econômico, afirmando que o projeto da Fiol é inviável e falho.
“Há uma disputa do ponto de vista das instalações das saídas e chegadas de produtos pelo mar, e nós precisamos estar antenados nesse debate e nos apropriarmos de todas as informações, para a gente contrapor posições como essa. É natural que, ao longo do projeto, alguns ajustes tenham sido feitos, mas são pequenos. Dizer que o projeto é inconsistente, há por trás disso um debate político de interesse econômico que não é local, é nacional. Disputa Rio de Janeiro, Espírito Santo, os grandes empreendedores do Oeste da Bahia, que têm investimentos nesses outros estados. Então, nós precisamos fazer essa defesa política e obviamente técnica”, disse Rosemberg.
A preocupação de vários parlamentares presentes se traduziu na pergunta do deputado Marcone Amaral (PSD) ao presidente da Bamin, que questionou se havia a possibilidade de mudança do trajeto de Caetité ao Porto Sul. Eduardo Ledsham descartou. “Deputado, eu vou deixar muito claro: não existe a menor alternativa de ter outro desenho.
É uma ferrovia que tem capacidade de 60 milhões de toneladas. Logo depois da concessão, a gente varreu quilômetro a quilômetro dela, avaliamos a qualidade de todas as obras. São mais de 55 obras de arte, e confirmo que a qualidade está dentro do esperado. Sempre tem algum ajuste para fazer. Agora, é impossível você transportar 26 milhões de toneladas de minério, mais o potencial de grão. Quando a gente fala 7 milhões e meio (de toneladas) de grãos, com uma intensidade diferente, equivale a 21 milhões de toneladas de minério. Não tem outro porto disponível licenciado, com terras e com as obras iniciadas para começar isso. Qualquer alternativa beira o delírio”, afirmou o presidente da Bamin.
O presidente da Comissão de Infraestrutura, deputado Eduardo Salles (PP), disse acreditar que há unanimidade entre os parlamentares baianos com relação à importância da Fiol para o Estado. Ele também afirmou que há interesses escusos de pessoas no Sudeste brasileiro, “que plantam notícias em jornais”, disse. Ele questionou se uma possível conexão entre a Fiol e a Ferrovia Centro Atlântica (FCA) traria problemas financeiros para o projeto. “Se nós conseguirmos recuperar a FCA, que é a bitola estreita, e nós temos a Fiol com a bitola larga, existe uma possibilidade de conexão entre es duas ferrovias, que trariam também materiais para aqui para o Porto de Aratu e até para o Porto de Salvador? Existe alguma contradição, na sua visão, em termos de competição de carga ou de prejuízo à Fiol, da gente ter essa ligação entre as ferrovias?”. Eduardo Ledsham respondeu que as ferrovias não competem e que a ligação, no curto prazo, agrega mais valor. Disse ainda que o Porto de Aratu poderia ser especializado para determinadas cargas.
Participaram da reunião a presidente da ALBA, deputada Ivana Bastos (PSD), a 1ª vice-presidente da Mesa Diretora da ALBA, deputada Fátima Nunes (PT), o presidente da Comissão de Infraestrutura, deputado Eduardo Salles (PP), e os deputados Marcone Amaral (PSD), Bobô (PC do B), Hassan (PP), Penalva (PDT), Robinson Almeida (PT), Pedro Tavares (UB), Rosemberg Pinto (PT), Paulo Câmara (PSDB), Antonio Henrique Júnior (PP) e a deputada Maria del Carmen (PT).

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