Educação (UESC)
Curso de Medicina da Uesc comemora 20 anos
Um sonho da região concretizado para o Brasil
“Onde quer que arte da medicina seja amada, haverá também amor pela humanidade” (Hipócrates). Esse pensamento norteou, desde os primeiros momentos, o curso de Medicina da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Em 2021, completa 20 anos do curso, que tem proporcionado uma formação comprometida com a vida, com respeito, humanidade e excelência.
O curso de graduação em Medicina da Uesc é o primeiro do interior do estado da Bahia. A Universidade exalta esse marco histórico e o modelo pedagógico que inovou ao implementar a experiência do Aprendizado Baseado em Problemas (Problem Based Learning – PBL), o terceiro curso do Brasil com esta metodologia ativa, e o primeiro da Bahia, servindo como polo formador para as outras universidades.
“O Curso de Medicina da Uesc comemora duas décadas dedicadas à vida e é avaliado entre os melhores do país, segundo o Ministério da Educação. Destaco o comprometimento dos professores, alunos e técnicos, que ao longo desse período, principalmente neste tempo desafiador da pandemia, não pararam as suas atividades. Ao contrário, se colocaram a serviço da sociedade e da esperança. Estão de parabéns todos aqueles empenhados na formação médica com a busca constante por inovação e a utilização de novas tecnologias voltadas à saúde”, avalia o reitor, Prof./Dr. Alessandro Fernandes de Santana.
A História do curso começou alguns anos antes com o apoio e a mobilização da sociedade regional, até a decisão do Conselho Universitário (Consu), pela sua implantação. Em 1996, a Uesc iniciou discussões, junto à comunidade médica regional, sobre a concepção do Curso de Medicina e o perfil profissiográfico a ser formado. Naquela ocasião, a instituição deixou clara a convicção de acreditar que o momento histórico exigia outra visão da formação médica, de que o país e a região Sul da Bahia, em particular, precisavam de formatos curriculares que privilegiassem a formação geral do médico e os programas de saúde pública.
A professora Renée Albagli Nogueira, reitora por duas gestões (1996/2004) viveu a intensidade daqueles anos e comemora: “festejamos com orgulho, nesta oportunidade, os vinte anos de implantação do curso de Medicina da Uesc. Convém lembrar ser este o primeiro curso de medicina numa universidade pública no interior da Bahia. Essa vitória da comunidade regional é prova inconteste de que, quando a sociedade se une com determinação e vigor, torna-se possível a concretização de grandes projetos. Ressalte-se, ainda, a importante e decisiva presenças de médicos do eixo Ilhéus e Itabuna, diretores de Hospitais, secretários municipais de Saúde, clubes de serviços e instituições regionais que se manifestaram, favoráveis à implantação do curso de Medicina da Uesc.”
Assim, inúmeros foram os debates, estudos e reflexões sobre o caráter e modelo do Curso, enriquecido, naquele momento, pelas recomendações do Conselho Estadual de Saúde da Bahia. A professora Renée lembra que “o projeto do curso se alicerçou no paradigma da medicina baseada em saúde, em substituição ao modelo, então vigente, da medicina baseada na doença. Dessa forma, a Uesc construiu um projeto pedagógico de inovadora concepção curricular, com base na chamada Aprendizagem Baseada em Problemas, desenvolvidos em vários países, a exemplo do Canadá e Holanda, trabalhando um modelo assentado nos pressupostos da interdisciplinaridade e a aprendizagem como processo construtivo, visando um exercício profissional mais humanizado.”
“Para o alcance destes desafios, foi instituída uma Comissão Interna presidida pela vice-reitora da Uesc, professora Margarida Cordeiro Fahel, e integrada pelos docentes médicos, que trabalhou registrando a competência, idealismo e compromisso para a consecução do objetivo. Isso sob o apoio de Consultoria da Universidade Estadual de Londrina, que nos deu um testemunho de seriedade, coragem e determinação,” lembra Renée.
Acrescenta que “tais requisitos foram reconhecidos pelo Conselho Estadual de Saúde, presidido por Dr. José Maria Magalhães Neto, convidado para proferir a Aula Inaugural, em agosto de 2001. O relator do projeto foi o Dr. Maurício Barreto que, em seu brilhante Parecer, ofereceu à Uesc sólidas orientações.”
“Assim, neste momento de celebração, é justo enfatizar que tal vitória não teria sido alcançada sem a participação efetiva do Governo do Estado da Bahia, relembrando os nomes do Governador César Borges e do Secretário de Educação, Eraldo Tinoco. Se pensarmos na responsabilidade social de uma Universidade, a formação de novos profissionais, é, sem dúvida, de inegável relevância. O Curso de Medicina da Uesc faz isto com brilhantismo. Profissionais médicos formados estão prestando excelentes serviços em todo País. Sendo importante registrar, também, seu reconhecimento e destaque no cenário brasileiro e em toda a América Latina, conforme atestam importantes publicações internacionais Preservar a história, de forma verdadeira, é também dever ético da Universidade. O desafio permanece e o amor à causa também” afirma a professora Renée Albagli.
Ao professor Antonio Joaquim Bastos da Silva, reitor por duas gestões (2004/2012), coube presidir a solenidade de colação de grau da primeira turma do curso. Uma festa que começou no Auditório do Centro de Arte e Cultura da Universidade e terminou no espaço Boca Du Mar, em Ilhéus.
Para o professor Joaquim, “no dia a dia da nossa Uesc sempre existe uma data importante a ser comemorada. Há 20 anos, foi aprovado o curso de Medicina. Parece que foi ontem que colamos grau da primeira turma, em 12 de janeiro de 2007, na época, privilegiados que fomos com a presença do governador Jaques Wagner. Hoje o curso possui uma base segmentada, ranqueado como um dos melhores do Norte-Nordeste e um dos melhores do país. Parabéns à professora Mércia Margotto e a todos que se empenharam para o seu sucesso. Parabéns Uesc, pelos mais de 500 médicos colocados no mercado, trabalhando para o Brasil”, celebra.
A secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia, professora e médica, Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro, reitora da Uesc por duas gestões (2012/2019), integrou o grupo de médicos que iniciou a discussão para implantação e a primeira direção do Colegiado, é enfática: “comemoro os 20 anos do curso de Medicina da Uesc mobilizando meus afetos e compromissos, com regozijo e gratificação. Vejo os egressos seguindo percursos profissionais e pessoais valorosos para a sociedade. Como médica, docente, gestora, servidora pública, é a grande e honrosa retribuição!”
A primeira Turma – Entre os profissionais que colaram grau naquela primeira turma, a médica Flávia Mendes L. Freire descreve a alegria por essa comemoração. “Completar 20 anos da implantação do curso de Medicina da Uesc, como itabunense, é comemorar uma grande vitória da Educação e da Saúde da nossa região. Ganhamos todos ao longo destes anos, alunos, professores e sociedade. Uma trajetória de implantação, que rende todos os elogios para o time de mestres que conduziram 40 jovens alunos rumo a uma formação de excelência. Isso só foi possível porque queríamos muito que tudo desse certo! E não foram poupados esforços de estudo e dedicação para tal. Hoje olhamos para nossa carreira, como médicos, e traçamos novos planos, com a certeza de que temos uma bagagem que nos diferencia. Parabéns Uesc! Grande orgulho!!”
O Dr. Douglas Crispim, hoje médico com residência em Clínica Médica e Geriatria. Especialista e Doutor na temática dos cuidados paliativos. Assistente do Núcleo de Cuidados Paliativos do HC-FMUSP, em São Paulo. Fundador do Instituto Brasileiro de Comunicação em Saúde e atual presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) lembra que “morava no interior de Minas Gerais, a família se ajeitou pra me levar e prestar a prova da Uesc. Eram mais de 100 alunos por vaga, deu um frio na barriga, mas valeu a pena o sacrifício. Meus professores tinham brilho nos olhos e amor à Medicina, e se dedicavam aos alunos mostrando suas rotinas, suas vidas profissionais, estudavam junto. A Uesc tem um encanto por não separar os futuros médicos das outras profissões. E foi lindo aprender com os amigos do Direito e ao mesmo tempo grandes Biólogos e profissionais da comunicação. Me lembro que a gente que era mais simples, ia de carona na ida e na volta pra cidade. Me lembro do método que nos levou a sermos responsáveis também pelo nosso próprio ensino, ser adultos. Tudo isso me ajudou tanto, que minha gratidão será eterna. Ao chegar na residência, percebemos que a escolha foi correta, e tínhamos as competências necessárias a ocuparmos qualquer cargo em qualquer lugar que nosso coração mandasse. Hoje tem um pedacinho da Uesc em minha carreira, em meus títulos, em meu doutorado, em minha missão como professor, tentando ser um pouco como os meus foram. O legado vem das ações , mais que das intenções. Que cada colega que se forme na Uesc possa honrar o caminho trilhado e zelar por ele.”
Dra Joana Diniz festeja “20 anos de um sonho, que começou como uma mistura de sentimentos, grande expectativa, euforia, excitação, mas também muito medo, desconfiança, ansiedade. Ao começar, percebi que estava diante de um sonho que era compartilhado com outros 39, até então, desconhecidos colegas, e com uma equipe de desbravadores e corajosos mestres que se empenharam em tornar possível este nosso sonho. Estes mestres se tornariam as peças fundamentais de exemplos a serem seguidos, o espelho, o norte, o alicerce de uma profissão difícil. Sou verdadeiramente grata por ter sido “cobaia” (como éramos chamados) do curso de Medicina da Uesc. Pertencer à primeira turma do curso é um título que levo com muito orgulho e carinho. Sou grata a esta terra que nos acolheu e se tornou nossa também. Sou muito grata a uma Universidade completa, vibrante e viva, como é a Uesc. É a minha universidade! Sou grata aos colegas que se tornaram amigos, compadres, comadres e irmãos. Sou muito, muito grata aos meus mestres que me ensinaram que Medicina é um exercício de compaixão, dedicação, muito estudo, trabalho, resiliência e muito amor. Tento ser reflexo daquilo que tive como base, como exemplo. Sou muito grata e sinto-me honrada em fazer parte desta história. Um beijo carinhoso a todos que participaram da concretização deste sonho.”
As lembranças da primeira turma estão presentes no universo do Dr. Elio Ferreira de Oliveira Júnior, médico anestesiologista e atual diretor Administrativo da Saeb: “Há 20 anos, dava início a uma jornada incrível em minha vida! Vida universitária, não era novidade pra mim, mas largar toda uma vida profissional em ascensão e mergulhar de cabeça, num curso novo, rejeitado pela comunidade universitária (Sim, fomos recebidos de preto, pela comunidade acadêmica) Um curso novo, nova metodologia (PBL)… Enfim… Desafios muitos que após o primeiro módulo foram quebrados, ao ver a dedicação de quem estava à frente do mesmo! Fomos orgulhosamente a primeira turma, as “cobaias” do curso. Hoje, estamos aqui, espalhados por todo o Brasil, cada profissional, sendo destaque na área de atuação que escolheram. A todos, vocês, o meu muitíssimo obrigado por acreditarem que o sonho de vocês, também poderia ser a realização do nosso sonho.”
O Futuro – O Professor, Dr. Marcelo Araújo ingressou na Uesc, em 1996, como professor substituto no curso de Enfermagem, com passagens pela Biomedicina, lecionando Farmacologia e Anatomo-fisiologia, respectivamente. Atualmente é professor Adjunto, Doutor e coordenador do Colegiado do Curso de Medicina.
Lembra que, em 13 de julho de 2001, a Uesc implantou o curso de Medicina, sendo a primeira universidade na Bahia e a terceira do país a adotar um modelo pedagógico ativo com a implantação do Problem Based Learning – PBL (Aprendizado Baseado em Problemas). A Uesc foi modelo para várias instituições públicas e privadas, dentro e fora do estado da Bahia. Na vanguarda do ensino médico, contando com um inovador laboratório de Habilidades e Atitudes e um ensino centrado no aluno, o curso tem como objetivo a formação de um profissional com visão generalista e humanista. A inserção precoce do aluno nas comunidades através das Práticas de Integração Ensino- Serviço-Comunidade (Piesc) favorece a vivência realista dos problemas a serem enfrentados pelos futuros profissionais. Ao longo desses anos, tivemos uma trajetória de sucesso, sempre com boas colocações no Enade.
Araújo afirma que “decorridas duas décadas do curso, temos a certeza de que muito contribuímos para a formação dos profissionais de saúde em nível regional e nacional. Nossos egressos, tradicionalmente vindos das mais diversas regiões do país, estão hoje amplamente distribuídos no cenário nacional.”
“O mundo evolui com as mudanças promovidas pelo conhecimento e acompanhar as mudanças é uma necessidade. Campos de estágio adequados, profissionais qualificados e quadro permanente de doentes, laboratórios bem equipados e com simulação realística e recursos de tecnologia da informação amplamente disponíveis são alguns dos ingredientes que almejamos dessa nova realidade. Está na história da MedUesc a marca da vanguarda, da inovação e da qualidade. A pandemia que impôs de forma vertical e inegociável uma ruptura no modo de viver de todos, nos confronta com mais um importante paradigma. Esta é a oportunidade da MedUesc retomar o protagonismo e oferecer o que há de melhor e mais atual em educação médica. Esse é o desejo dos colaboradores, discentes e docentes”, conclui o coordenador.
O projeto, passo a passo:
Outubro 1998 – Os médicos gaúchos Ronaldo Bastos e Luciano Bastos Moreira, da Universidade Luterana do Brasil, Porto Alegre, visitaram a Uesc. Eles foram os consultores convidados a orientar a elaboração do projeto do curso de medicina com modelos semelhante ao da instituição onde atuam
Dezembro de 1998 – O Curso foi apresentado para uma plateia de médicos professores estudantes e lideranças de Ilhéus e Itabuna , após receber o sinal verde do Consepe e da comunidade regional, e o apoio do senador Antônio Carlos Magalhães e do governador César Borges
Julho 1999 – O governador César Borges, durante o ato de assinatura do credenciamento da Universidade, demonstrou apoio à implantação do curso de Medicina, cujo projeto encontrava-se em fase de avaliação no Conselho Estadual de Saúde pela Secretaria da Educação do Estado
Outubro 1999 – A Câmara de Vereadores de Ilhéus realiza sessão especial para discutir o projeto do curso
Dezembro 1999 – A Assembléia Legislativa da Bahia aprovou por unanimidade indicação apoiando a implantação do curso na Uesc.
Fevereiro 2000 – O secretário estadual de Educação, Eraldo Tinoco, declarou apoio do governo estadual ao projeto da Uesc, durante solenidade de posse da reitora e vice-reitora, no campus universitário.
Março 2000 – A Câmara de Vereadores de Itabuna realiza sessão especial para debater o projeto do curso de Medicina e a Amurc mobiliza a comunidade para uma caminhada na Avenida Cinqüentenário, em Itabuna, reforçando o apoio regional ao projeto
Maio 2001 – O Conselho Estadual de Saúde, de acordo com o parecer do relator do projeto, Dr. Mauricio Barreto, aprovou a implantação do curso de Medicina da UESC, em reunião realizada no dia 25 de maio de 2001.
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