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Ilhéus

Ilhéus: Restos de vegetação e lixo na praia atrapalham reprodução das tartarugas marinhas

Restos de vegetação e todo tipo de lixo nas praias de Ilhéus, no sul da Bahia, estão atrapalhando a reprodução das tartarugas marinhas. O material vira obstáculos para as fêmeas que vão desovar e também para os filhotes que retornam ao mar. Em alguns pontos, a prefeitura da cidade ainda não fez a limpeza e isso preocupa ambientalistas.

Imagens feitas por integrantes dp Projeto (A)mar, ONG que monitora os ninhos em toda faixa litorânea da região sul da Bahia, mostram as marcas de uma tartaruga marinha na areia.

O rastro deixado na praia indica que o animal tentou chegar em uma área para colocar os ovos e retornou. As baronesas acumuladas podem ter impedido a desova.

As baronesas formam um bloqueio físico, que podem impedir drasticamente a desova das tartarugas marinhas.

Um ninho que fica na praia de São Domingos, na zona norte de Ilhéus, tem cerca de 10 dias. A tartaruga que conseguiu desovar no local certamente enfrentou muitas dificuldades no caminho.

“É um bloqueio físico e a tartaruga não consegue atravessar. Elas podem se ferir, se machucar, porque tem toco de madeira, vidro, lixo e as tartarugas marinhas fazem desova perto das baronesas”, disse Wellington Laudano, veterinário do projeto (A)mar.

Tocos de árvores e muito lixo. Sandálias, sacolas e embalagens por toda parte.

Segundo o veterinário do projeto, veículos pesados, como retroescavadeira, podem destruir os ninhos, que nem sempre ficam visíveis. O grupo tem solicitado que a retirada das baronesas seja feita em parceria com a ONG.

“A gente pede as prefeituras para procurar o projeto (A)mar, que faz o monitoramento da fauna marinha, para saber onde tem ninho, onde tem a possibilidade de desova, para evitar esse impacto”, afirmou Wellington Laudano.

O período de desova das tartarugas vai do mês de outubro até abril. O projeto (A)mar informou que a Prefeitura de Ilhéus chegou a entrar em contato com a ONG para buscar orientações sobre como fazer a limpeza das praias sem gerar prejuízos para os ninhos de tartarugas marinhas.

Duas reuniões foram feitas e, segundo ele, ficou acordado que o trabalho de remoção das baronesas seria feito em conjunto, mas ainda não aconteceu.

Por meio de nota, a prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Secsurb) mantém o trabalho de limpeza para retirada das baronesas que chegam às praias de Ilhéus. Até o momento, cerca de 60% das baronesas foram retiradas das praias da zona sul. Já na zona norte, cerca de 30% da vegetação foi recolhida. O trabalho é realizado conforme a tábua de maré.

Na Praia da Avenida, um dos pontos que segundo a prefeitura requer maior atenção, a limpeza é feita de forma manual para proteção dos ninhos de tartarugas e das espécies vegetais de restinga. O trabalho, conforme detalhou a prefeitura, é desenvolvido em observância às orientações de ONGs e órgãos ambientais que atuam no monitoramento e preservação de animais marinhos na região sul da Bahia.

Para dar celeridade ao trabalho, os servidores também utilizam maquinários em trechos que não representam área de desova, processo que segundo a Secsurb ainda não começou.

A secretaria informou também que até a presente data não foi identificado ninho de tartarugas marinhas no litoral ilheense. Disse que o ciclo oscila e as fêmeas têm intervalos reprodutivos diferentes. A temporada ainda requer atenção dos banhistas e usuários das praias, que são orientados a evitar chegar perto para não comprometer os animais e os ninhos.

A gestão municipal reiterou que o trabalho tem como objetivo garantir praias limpas e o bem-estar da população local e dos turistas. O esforço concentrado permite que os serviços sejam intensificados nos bairros, com coleta regular de lixo, varrição, retirada de entulhos, roçagem e reparos na iluminação pública.

“Então às vezes essa desova não eclode ou então chega as baronesas e encobre. A gente tem esse problema dos filhotes não conseguirem nascer e a gente não identificar o ninho”, concluiu Wellington.

G1Ba

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