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Ilhéus

O drama de Neuzão e a realidade da grilagem na Bahia: O caso “terra prometida “em Ilhéus

 

A injustiça sofrida por Neuzão, personagem do filme Opaió 2, não é apenas um enredo ficcional
para emocionar o público. Na trama, Neuzão perde seu bar devido à falsificação de uma
escritura, um golpe que envolveu um cartório, uma empresa estrangeira e um “gringo”. O que
parece uma história criada para a ficção é, na verdade, um espelho de um problema recorrente
que assola diversas comunidades no sul da Bahia: a grilagem de terras.
Casos como o de Neuzão acontecem frequentemente no Brasil, onde territórios que antes eram
livres e ocupados por comunidades tradicionais de repente passam a ter donos por meio de
documentos forjados. Na Bahia, a prática tem sido denunciada em diversas regiões, a exemplo
do Oeste da Bahia, em que juízes e promotores forem afastados.


Um exemplo emblemático é o da comunidade Terra Prometida, que enfrenta na Justiça uma
batalha relacionada suposta propriedade reivindicada pela empresa Worldwide
Empreendimentos e transmitida via acordo judicial para a Associação do Sol Nascente,
recentemente constituída e cujos associados são assessores de deputados, empresários e
servidores públicos de Ilhéus e Itabuna.
A estratégia dos grileiros é sempre semelhante: utilizam empresas de fachada, muitas vezes de
origem estrangeira, para alegar posse de áreas consideradas improdutivas ou sem
documentação formalizada. Com apoio de cartórios e figuras influentes, conseguem registros
duvidosos, retiram as famílias e passam a lucrar com a exploração do território.

O que aconteceu
com Neuzão, ao perder seu bar de maneira injusta, acontece diariamente com trabalhadores
rurais e comunidades inteiras, que são expulsos de suas terras sem qualquer direito de defesa.
A expectativa da comunidade sul baiana é que o mesmo não aconteça com a Comunidade da
Terra Prometida.
A grilagem no sul da Bahia não é um fenômeno novo, mas tem se intensificado nos últimos anos.
O caso da Terra Prometida ilustra bem esse cenário. Os moradores, que vivem na região há quase
duas décadas, viram suas terras serem cobiçadas por interesses empresariais que buscam
transformá-las em empreendimentos imobiliário, sobretudo a parte litorânea, nas proximidades
do Jóia do Atlântico, na qual seria construído um Resort já existente na zona sul de Ilhéus. A luta
dessas comunidades não é apenas por um pedaço de terra, mas pela preservação de sua história,
cultura e modo de vida.
Assim como no filme Opaió 2, onde Neuzão se vê impotente diante do poder dos grileiros
modernos, as comunidades baianas enfrentam um sistema que parece favorecer os invasores.
No entanto, a resistência popular tem sido um elemento essencial para frear esse processo.
Organizações sociais, movimentos de luta por moradia e terra, bem como ações judiciais, têm
sido fundamentais para impedir que a injustiça prevaleça.
Se Neuzão tivesse mais recursos e apoio, talvez sua história no filme fosse diferente. Mas, na
vida real, a união da sociedade civil pode fazer a diferença para evitar que mais casos de grilagem
prejudiquem aqueles que há décadas construíram suas vidas nessas terras. O que aconteceu
com ele não pode ser apenas uma narrativa para entreter: deve ser um alerta para que todos
fiquem atentos e cobrem das autoridades uma solução para esse problema crônico.
A injustiça sofrida por Neuzão é real, e está acontecendo agora, com nomes e rostos diferentes,
mas com o mesmo enredo perverso. A pergunta que fica é: até quando? Será a Terra Prometida,
localizada em Ilhéus, mais uma vítima desse sistema cruel

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