Política
Mães e familiares de vítimas de violência de Estado realizam encontro internacional em Salva dor
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Neste mês de maio, os familiares de vítimas da violência de Estado, no Brasil e Colômbia, se reunirão para o III Encontro Internacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo de Estado, de 17 a 20 de maio, em Salvador (BA). “Para as mães que tiveram seus filhos assassinados brutalmente pelas polícias, maio representa o mês de luta em memória das vítimas e da busca por justiça e responsabilização do Estado pela política de terrorismo que vitimiza nossos filhos, quase sempre negros e pobres”, lembra Rute Fiúza, uma das organizadoras do evento.
Davi Fiúza, filho de Rute Fiúza, desapareceu no dia 24 de outubro de 2014, por volta das 7h30, quando conversava com uma vizinha na Rua Vila Verde, no bairro de São Cristóvão, quando foi levado por um grupo de homens que foram identificados como policiais. Segundo relato da mãe, “policiais da PM, Rondesp e Peto chegaram ao local. O grupo dirigia dois carros descaracterizados, um Gol prata e um Sandero cinza. Eles tiraram a camisa do meu filho, colocaram um capuz no rosto dele, e amarraram as mãos e os pés. Em seguida, colocaram Davi no porta-malas do Gol e foram embora. Nunca mais tivemos quaisquer notícias sobre o meu filho”.
Entre 2009 e 2016, mais de 21.900 pessoas foram mortas pelas polícias de todo o país, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Só no Rio de Janeiro, de 1997 aos dias de hoje, mais de 16 mil pessoas foram assassinadas pelas polícias do Estado, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). Na Bahia, 1.759 pessoas foram assassinadas pelas polícias entre 2012 e 2016. Em São Paulo, foram 4.004 homicídios decorrentes da ação policial no mesmo período. Isso sem contar os milhares de desaparecimentos forçados promovidos por agentes do Estado em todo o país.
A abertura será no dia 17, quinta-feira, na Faculdade de Economia da UFBA (Praça da Piedade). Às 9 horas haverá uma Mesa de Debates com o tema “Os impactos psicossociais do terrorismo de Estado e as possibilidades de redes de cuidado e assistência”, com Conselho Regional de Psicologia, Justiça Global, Defensoria Pública, Loreta Valadares e representantes dos grupos de mães e familiares de vítimas da violência de Estado.
No período da tarde, a partir das 14 horas, acontece uma Mesa com autoridades responsáveis para debates sobre a criação de um Fundo Estadual de Reparação Econômica, Psíquica e Social aos familiares por parte do Estado; criação de Grupo de Trabalho vinculado à Assembleia Legislativa da Bahia; debate encaminhamento sobre o projeto de lei 2011/2015 que dispõe sobre o funcionamento das perícias criminalísticas e médico-legal, visando maior autonomia às mesmas.
Além das Mães da Bahia, dentre outras entidades, o evento está sendo organizado pela Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência do Estado do Rio de Janeiro, Grupo independente Mães de Maio de São Paulo, Campanha “Caveirão Não! – Favelas pela vida e contra as operações” do Rio de Janeiro, mães e familiares do Xingu, Belo Horizonte, Manaus, Espírito Santo, da Colômbia, Chicago e diversos outros locais.
O Encontro da Rede Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo do Estado tem o objetivo de fortalecer a luta por Justiça daqueles que perderem seus familiares, dando visibilidade às violações de direitos perpetradas pelo Estado, além de ser um importante momento de troca de experiências entre os familiares, que vivem o cotidiano da ameaça e da repressão, e buscam a construção da memória de seus filhos.
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