Política
O deputado caloteiro, a gambiarra junina na Bahia e a inovação de Jerônimo ao anunciar promessa

O deputado estadual Pancadinha (Solidariedade) vem colecionando uma legião de desafetos após as eleições do ano passado, quando concorreu à prefeitura de Itabuna e acabou derrotado por Augusto Castro (PSD). Segundo fontes da coluna, tem muita gente ressentida por conta de dívidas de campanha deixadas pelo parlamentar. Os mais desesperados já pensam em buscar a Justiça Eleitoral com denúncias documentadas de caixa 2. Se não pagar o que deve, quem pode receber uma forte pancada é o deputado.
Gambiarra junina
Um gargalo do Palácio do Planalto na liberação de emendas de deputados federais da Bahia criou um mal-estar e uma saída inusitada. Os recursos seriam destinados para ajudar prefeituras do interior a realizarem festas juninas. Para destravar a questão e diminuir o bico dos descontentes, incluindo integrantes da base do presidente Lula (PT), alguém sugeriu que a conta fosse paga pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) usando os cofres da Bahia, que seriam compensados futuramente quando o governo federal liberasse o recurso. O episódio, com a licença da ironia, é uma demonstração de como é exitosa a parceria Lula-Jerônimo: um dá o calote lá, o outro faz uma gambiarra contábil cá, sem o menor amparo legal para a traquinagem.
Vendedor de ilusão
O governador Jerônimo Rodrigues decidiu consolidar de vez uma prática que já vem sendo marca dos governos petistas: promover grandes e pomposos eventos para anunciar promessas. Isso mesmo: nada de obras nem entregas, mas novas promessas. Só nesta semana foram dois casos. Primeiro, em Salvador, ao anunciar a publicação de editais para levar o metrô até o Campo Grande, cuja intervenção não tem nem projeto nem cronograma. Depois, em Luís Eduardo Magalhães, o governador promoveu outro evento para anunciar a duplicação do trecho de cerca de 90 km da BR-242 que liga a cidade a Barreiras. Acontece que, além da obra ser de responsabilidade da União, o governo federal ainda está concluindo o projeto. Só depois vai promover um leilão para conceder o percurso à iniciativa privada, que ficará responsável pela duplicação, cuja conta será paga pelo povo com o pedágio. Ou seja: muita espuma e pouca entrega.
Descrédito
Chapa majoritária
Lideranças políticas próximas ao deputado federal Ricardo Maia (MDB) andam estimulando o parlamentar a romper com o grupo petista na Bahia e migrar para o time da oposição. É pública e notória a insatisfação de Maia com o governo, o que levou o emedebista, inclusive, a fazer críticas veladas nas eleições de 2024 a lideranças petistas e cobranças abertas a Jerônimo por obras prometidas. Isso fez aumentar, nas últimas semanas, as especulações de um eventual rompimento. Aliados do parlamentar dizem que, pela força política que ele tem na região de Ribeira do Pombal, onde foi prefeito, as conversas para um possível desembarque de Ricardo Maia no grupo oposicionista passariam por um espaço na chapa majoritária.
Faísca vermelha
A reta final da eleição para presidência do PT da Bahia tem feito sair faísca entre quadros históricos da legenda. Nesta quinta-feira (12), durante um debate de presidenciáveis, o ex-presidente Jonas Paulo disse, entre outras coisas, que “nenhuma liderança é maior que o PT”. Tudo isso diante de Tássio Brito, candidato apadrinhado pelo senador Jaques Wagner (PT), cuja articulação interna veio como rolo compressor impondo o nome sem discussão. Em outra ofensiva a Wagner, Jonas afirmou que o partido não precisa de “assessores” – fazendo referência ao comando da sigla estar com um ex-auxiliar do senador -, e sim de um presidente. Para fechar, admitiu que o avanço da oposição na Bahia “coloca em risco o nosso projeto”.
Destempero
Repercutiu mal e ainda reverbera a grosseria que o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), praticou contra a prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos (União Brasil). Num discurso completamente arbitrário, Rui cobrou que a gestora estivesse com ele no mesmo palanque durante um evento na última sexta. O destempero de Rui foi porque naquele mesmo dia Sheila recebia ACM Neto (União Brasil) no município para diversas agendas de entregas e acompanhamento de obras. Até mesmo os petistas mais apaixonados admitiram que o tom do ex-governador foi completamente desproporcional, transformando, inclusive, uma agenda que poderia ser positiva para o governo do estado numa cobertura marcada pela violência política e misoginia de Rui.
Constrangimento
Quem também perdeu o controle foi o governador Jerônimo Rodrigues, cuja passagem pela Bahia Farm Show – maior feira agro do Norte e Nordeste e vitrine do agronegócio baiano – foi marcada por um episódio constrangedor que ainda rende comentários nos bastidores. Durante a abertura do evento, o petista soltou os cachorros contra um deputado da sua base sem o menor pudor na frente de todo mundo. Visivelmente desconcertado, o parlamentar tentou sinalizar que ali não era hora nem lugar para lavar a roupa suja, mas foi solenemente ignorado. Empresários, produtores e lideranças políticas que viram a cena ficaram perplexos com o estilo próprio de Jerônimo fazer política, e não é com carinho e com amor.
Disputa de papagaio
A Bahia Farm Show marcou também um duelo regional entre a secretária estadual de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira, e o prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Júnior Marabá, pelo posto de papagaio de pirata oficial do governador Jerônimo Rodrigues. Apesar de eleito pelo campo bolsonarista, Marabá faz uma aproximação com o PT, enquanto Jusmari defende o direito legal de ser a emissária do governo na região junto com o marido, o ex-prefeito Oziel Oliveira. Nos bastidores da feira, circularam relatos de que o prefeito não poupou afagos públicos ao governador e chegou até a disputar espaço na mesa na hora do almoço para evitar que a secretária se sentasse ao lado de Jerônimo.
Monólogo
Sozinho no plenário da Assembleia na última segunda-feira, coube ao deputado Raimundinho da JR abrir e fechar regimentalmente a sessão ordinária. Mas antes, sentado na cadeira da presidência, com pose solene e sem plateia, fez um discurso sobre questões políticas da sua base eleitoral, Dias D’Ávila, como se estivesse na tribuna da Casa. O mais curioso é que, mesmo sendo o único presente no plenário, Raimundinho se referiu a si mesmo como “senhor presidente”, enquanto fluía no monólogo que passou de seis minutos. Após o desabafo, encerrou a sessão e foi-se embora leve.
Fritura
A vereadora Eliete Paraguassu (PSOL) vem sendo fritada por seus próprios companheiros da bancada de oposição na Câmara Municipal de Salvador. Oposicionistas reclamam que a psolista abusa da arrogância e do trato ríspido com os colegas, o que tem deixado a vereadora isolada na bancada. Ela, inclusive, já estaria deixando de ser convidada para reuniões do grupo.
Toda poderosa de Irecê
Uma dirigente do Núcleo Territorial de Educação (NTE) de Irecê vem dando o que falar. Deputados e lideranças que atuam na região confidenciaram à coluna que a profissional usa a posição de destaque no NTE para beneficiar aliados e, inclusive, teria utilizado a estrutura para eleger um irmão vereador de uma cidade próxima a Irecê. Sem contar que ela tem sido acusada de pressionar prefeitos a firmarem contratos com uma empresa de consultoria ligada a ela. Os casos já foram denunciados inclusive ao Ministério Público. Deputados governistas que atuam na região já tentaram, sem sucesso, derrubar a dirigente, que seria uma indicação pessoal do governador Jerônimo Rodrigues, informação que ela faz questão de propagar. Os parlamentares reclamam que, enquanto ficam com o pires na mão, a toda poderosa tem tudo o que quer.
Fonte: Correio da Bahia

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